Os amantes da sétima arte e da improvisação musical, já podem conferir no Youtube (https://www.youtube.com/@Reverbera.imagina) o trabalho desenvolvido pelo Projeto Reverbera!. Parte de um projeto de extensão premiado pela Lei Paulo Gustavo Estado da Bahia (LPG Bahia), como laboratório de produção audiovisual para web, o Reverbera! trabalha com improvisação sonora livre sobre filmes.
Ao todo, 12 filmes clássicos com trilha sonora ao vivo foram disponibilizados. Além deles, 9 películas com audiodescrição e legendas descritivas e ainda 4 do projeto Cinegrafias da Costa. Entre os clássicos: A Vingança do Cameraman (1912); Frankenstein (1910); O Eclipse: Namoro do Sol e da Lua; Emak Bakia (1926); Os Mistérios do Castelo de Dados (1929); A Estrela do Mar (1928); O Berço da Bruxa (1944); Viagem Através do Impossível (1904); A Bela Leukadiana (1912); Regen (Chuva – 1929; Manhattan (1921); e O Grande Roubo de Trem (1903) são os títulos apresentados.
Películas icônicas de cinema mudo receberam ainda um reforço com o espetáculo Cinegrafias da Costa, que conta com um compilado de mais de 200 vídeos concebidos pelos cineastas Deivison Chioke e Gabrielle Gerola, Erick Vinícius e Júlia Rangel, sob orientação da coordenadora do Reverbera!, Ariane Stolfi, trazem um olhar para o cotidiano da região, onde o mote é o movimento. Quatro apresentações do projeto também foram publicadas no canal do grupo.
Acessibilidade
Ariane conta que os vídeos disponibilizados no Youtube, são parte do material desenvolvido durante as apresentações. “Para que mais espectadores possam usufruir desse nosso legado, adicionamos recursos de acessibilidade com audiodescrição e legendas descritivas dos áudios em uma playlist exclusiva com 10 filmes. Dessa forma podemos aproximar ainda mais os públicos com deficiência visual e auditiva da experiência artística e garantir a inclusão plena de todos”, ressaltou, informando que para realizar este trabalho, contou com a colaboração de Fábio Oliveira, que perdeu a visão por conta de contaminação por agrotóxico, há cerca de 1 ano e meio.
“O mundo do deficiente visual é feito de sons. No meu caso, que perdi a visão há pouco tempo, a audiodescrição vai muito além de só apresentar um material acessível: é o que me ajuda a construir a cena dentro da cabeça, na imaginação. É a audiodescrição que consegue explicar principalmente nos ‘pontos cegos’ (cenas onde não existe diálogo ou sons) e que nos conecta ao olhar que o cineasta tem sobre o mundo. O trabalho desenvolvido com o Reverbera também tem a ver com a forma de escutar: o som para quem tem deficiência visual é mais acuído, por isso a necessidade de ser mais equalizado e mais baixo. Vivemos em um universo de sons. Tudo que temos fala”, salientou.
Fábio explica que o trabalho produzido pelo Reverbera é muito nobre. “Foi uma experiência muito legal colaborar para o projeto, que entrega e eterniza a arte e as lembranças. Tudo o que existia no cinema mudo – as pessoas, os momentos e o que o envolve, já não existe mais. O Reverbera faz esse resgate cultural e está o transformando para o mundo digital e trazendo para o mundo PCD”, explicou, revelando que, no grupo que o acompanha, há uma menina de 6 anos que tem deficiência auditiva e baixa visão, que logo também será nula e que trabalhos como o do Reverbera! são de extrema importância para pessoas como ela terem um repertório visual.
“O que a entidade tenta é trazer esse mundo de imagens para que ela tenha como imaginar. O Reverbera tem isso com esse projeto: traz o entendimento do mundo à nossa volta, e com os filmes antigos, do que se existia como um calhambeque ou uma maria-fumaça, por exemplo, que por sua proporção é mais difícil de se explicar”, revelou.
Apresentações
No mês de maio, uma outra apresentação do Projeto Reverbera! foi realizada no dia 18 – no Espaço Cultura Mix, em Arraial d’Ajuda –, que celebrou a volta do Reverbera! após 7 anos da primeira apresentação em público que foi em 2018 no Armazém Santo Antônio.
A estreia no Cultura Mix, com grande público, que se emocionou com o trabalho do grupo, que contou com 10 músicos para a apresentação. Para a moradora de Arraial d’Ajuda, Tahia Macluf, de 54 anos, que ainda não conhecia o espaço e o projeto, a apresentação foi surpreendente.
“Achei o projeto sensacional, surpreendente na verdade. Fiquei bem feliz de ter vindo. É a primeira vez que venho aqui. O que mais me chamou atenção foi a banda e a escolha do repertório de som e imagem, por tudo acontecer ali, ao vivo, e a dinâmica dos músicos. Em alguns momentos parecia que eu já estava esperando o som que sairia dali e foi muito fluído”, comentou.
Ilza Cangussu, mora há 4 anos em Arraial d’Ajuda e se impressionou com a experiência. “É um espetáculo completamente diferente. Eu nunca tinha visto nada parecido. A imagem, o som, o fazer ao vivo, foi muito bacana”, disse.
O Reverbera! é um projeto contemplado pelos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar nº 195, de 8 de julho de 2022. O projeto também tem apoio da Universidade Federal do Sul da Bahia.
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